“AFINAMENTO”




O objetivo inicial do trabalho é materializar a idéia do movimento que afirma a lentidão e o emaranhamento das cores, registrando fragmentos do tempo, detalhes mínimos, texturas e tons não supostos, tentando criar uma série de trabalhos que conversem entre si.
A seguinte ideia iniciou no momento em que me deparei com certos pensamentos e exercícios contínuos, pelos quais eu observava a relação da imagem com o que ela provoca no olho de quem a observa. Parti inicialmente de três palavras-chaves: Corpo, Cor e Limite, e a partir desses três contextos fiz testes de variadas técnicas e formas para chegar ao melhor resultado, este que de nenhuma forma deveria realçar a precisão dos contornos e dos significados, e também não se classificar dentro do abstracionismo, descartando fazer necessariamente a relação com a pintura, gravura ou escultura, decidi usar diretamente a fotografia.
Com a fotografia consegui, de certa forma, manipular um instante programando uma ocasião, transformando a mancha em algo lento, que se arrasta que é perpendicular ao tempo, que corta o turbilhão das horas na metade, e mesmo assim acompanha a corrida desordenada dos dias, das cores e de cada imagem que passa despercebida.
A síntese do trabalho resulta em extrair das coisas uma conversa entre os pontos que formam determinada imagem, focar o limite, até que a composição deixe de existir como algo reconhecível, provocando o espectador dessa forma.
A seqüência das fotos, e o que elas talvez queiram dizer e como, fazendo também total ligação com o corpo e os seus sentidos se faz diante do ponto de vista de cada um e acaba se tornando o problema do trabalho. Problema este que arrasto até o ponto em que ele se faça enxergar, se dê por finalizado e finalmente conclua: desfaz ou constrói? Ou seja, se a mancha derrete a forma, retira-a da realidade, escorre em veios singulares ou se forma, se transforma, percorre o caminho que leva até um conceito conciso, até um entendimento claro e sem pudores.
Levando tudo isso em consideração, o fato é que a idéia também não é para ser entendida a primeira vista e sim pensada e re-pensada, criando assim, outras questões que façam chegar ao ponto ápice, mais amplo possível do trabalho.
Extrair o fragmento mais peculiar possível.
Sendo assim, desse primeiro ponto de vista surgem três fotografias, que sintetizam primeiramente todo esse aparato e vários outros registros que permanecem em fase de construção ou re-construção.